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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Em dias difíceis, mantenha a calma!


    Em tempos difíceis, como os que os professores e profissionais da educação têm experienciado nas salas de aula na atualidade, "contar até cem" às vezes é pouco e se faz muito necessário, bem como outras estratégias que visem minimizar e se possível solucionar conflitos existentes seja no lar ou em sala de aula, sem que para isso, falte com o respeito a ambas as partes envolvidas. É importante que o professor tenha sempre em mente que o "adulto" da história, numa situação conflituosa em sala de aula, é ele mesmo, e no lar, os pais. Se acontecer uma destas situações em que esteja sendo difícil contornar, pedir auxílio não é constrangedor, e partir para a agressão, somente em casos muito 'extremos' em legítima defesa.
    Contar até dez, até vinte, e o quanto for necessário, manter-se distante do aluno ou aluna, suavizar o tom da voz, e agir com diplomacia são bons recursos para sair de situações conflituosas onde ambas partes sempre saem ganhando e não se tornam inimigos declarados. É importante que pais, professores e demais profissionais da educação, entendam que ninguém é perfeito e por mais que queiram, principalmente as crianças, não conseguem ficar paradas e focadas o tempo todo. O que caracteriza as imperfeições nem sempre está ligado à aparência e ao físico da pessoa em questão, e sim o seu comportamento e atitudes diante de si mesmos, dos professores, colegas, pais e sociedade de um modo geral. 
    Atacar à criança (e ou outros) dizendo coisas do tipo: "você é muito feia, olha  o que você fez!", "nossa, realmente, você não tem Deus no coração", "larga de ser encapetado menino", "cala essa boca, eu já disse umas mil vezes e você não calou ainda", "você é uma pessoa muito má e egoísta, olha  o que você fez com a coleguinha", "você não tem mais jeito mesmo", "mas você só piora, não aprende nada!", e menos ainda se fazer de vítima: "nossa você não tem dó da sua professora mesmo né?", "você realmente não ama a professora", "desse modo a professora não vai mais gostar de você" (...), não fará com que o professor consiga uma mudança no comportamento e atitudes desta criança (e ou outros), pois está atacando à pessoa, à criança (e ou outros)" que em muitos casos não possuem noção do que significa "ordem", "educação", "bem ou mal educado", "regras e sanções", "noções de respeito ao próximo", "noções de direitos e deveres", "noções de respeito aos direitos alheios e cumprimento de seus deveres enquanto pessoa/ cidadão em comunidade", enquanto deviam atacar à causa dos problemas, que são as atitudes e comportamentos considerados negativos, estes sim, são passíveis de mudanças, já a pessoa não. Entender-se como pessoa em processo de aprendizagem e evolução, capaz de cometer erros e acertos, de corrigir erros e buscar acertar mais, já é um grande passo, pois sabe-se, não ser o problema, e sim as suas atitudes e comportamentos, passíveis de mudanças, o que requer estímulos internos e externos, e portanto, conta com o apoio social da família em primeira instância e depois dos professores na escola.
    Usar a força, a violência e ameças podem até surtir efeitos "positivos" aparentemente nos primeiros instantes, mas ao contrário do que se pensa, ao invés de aliados, pais e professores podem estar cultivando rivais/ inimigos, os quais, vencido o medo contra atacam e aí os conflitos podem atingir ápices às vezes quase irremediáveis.
    Mesmo que saia do planejamento, mesmo que atrase metas implantadas pelo sistema, jamais negue rodas de conversas às crianças, mas não seja somente o "falador', seja também, e às vezes até mais, o "ouvidor". Leve as crianças (e ou outros) à auto-crítica e auto-avaliação, usando de registros, dados, gráficos, anotações que concretizem e possibilitem uma melhor visão do problema ou dos problemas, e que seja feito o mesmo com as possíveis soluções, onde as crianças (e ou outros), aprendam a lidar com seu lado mais obscuro e através do pensamento crítico intervir arejando e iluminando este lado, de modo a viverem melhores consigo mesmas, e com os seus semelhantes. É certo o ditado, ninguém muda ninguém, mas quando se ensina a pescar, aquele que aprende jamais passa fome, e com os estímulos adequados, aqueles e aquelas que não "dariam nada na vida", podem se tornar pessoas de sucesso! 
    É preciso que pais, professores e demais agentes educacionais aprendam a dar valor, mesmo às mais insignificantes "evoluções e progressos" de seus tutelados, realçando de modo sincero e incentivando  o que possuem de melhor. Reforçar o que é positivo, eleva o foco para o positivo, reforçar o que é negativo, eleva o foco para o negativo, ou seja, de modo grotesco, o foco que se dá tende a ser o direcionamento de vida
que a criança (e outros) terão para a sua vida, o que as levarão a serem pessoas de sucesso ou insucesso, não sendo esta uma regra ou verdade absoluta, seres humanos são imprevisíveis, mas não há custo algum em tentar o que se tem em mãos para buscar oportunidades de um viver melhor a todos, seja nas escolas, seja em sociedade. Crianças, jovens e até mesmo nós os adultos, muitas vezes queremos atenção, e muitas vezes nos satisfazemos mesmo que as atenções sejam voltadas a nós devido a atos negativos, partindo desta máxima, por que não dar a atenção enquanto o foco está nas coisas e ações focadas no bom e no bem?

Por Adalmir Oliveira Campos, professor, escritor e poeta.

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